domingo, 8 de novembro de 2009

Escritores da liberdade

Baseado em fatos reais, o filme aborda de forma comovente e instigante o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Erin Gruwell é uma professora iniciante que decide trabalhar e inicia sua carreira em uma escola adaptada aos programas de integração, lecionando Inglês básico para a turma do 1º ano do ensino médio. Uma profissional que acredita que pode fazer a diferença, pois é determinada e perseverante. É um desafio para ela, no seu primeiro dia de aula, enfrentar a rejeição e rebeldia dos alunos, com brigas e até discussões em sala de aula, onde predomina a discriminação racial e os conflitos enfrentados por eles no dia a dia. Suas iniciativas para conseguir quebrar essas barreiras aos relacionamentos dentro da sala de aula vão, uma a uma, resultando em frustrações.

Apesar de aos poucos demonstrar desânimo em relação às chances de êxito no trabalho com aquele grupo, Erin não desiste de sua empreitada. Mesmo não contando com o apoio da direção da escola e dos demais professores, ela acredita que há possibilidades reais de superar as mazelas sociais e étnicas ali existentes. Para isso, cria um projeto de leitura e escrita, iniciado com o livro “O Diário de Anne Frank”, onde os alunos poderão registrar, em cadernos personalizados, seus pensamentos, sentimentos, angústias, sonhos, medos, etc.

Os novos métodos de ensino também inspiram os estudantes a terem objetivos na vida, antes praticamente perdidos e sem esperança. Mais importante que isso, os ensinamentos de Erin os ajudam a enfrentar seus problemas familiares e os problemas que existiam entre eles mesmos, isto é, os preconceitos que um grupo tinha com outro.

O marido de Erin, não aceitando ver o sucesso e a dedicação que ela tinha para com o ensino, preferiu se divorciar a ajudá-la. Mas isso não fez com que ela desistisse; lutou e conseguiu acompanhar seus alunos até o 4ª ano, quando terminaram o ensino médio e alguns passaram para a faculdade.

Na vida real, os diários foram reunidos em um livro publicado nos Estados Unidos em 1999 e terminaram inspirando o diretor Richard LaGravenese a fazer esse filme.


Assistimos ao filme na escola, no dia 29 de outubro, quando foi também realizada a 3ª Oficina Livre do programa Gestar II. Decidimos usá-lo em nossas aulas, pois ele amplia os conhecimentos da importância que a Educação tem e dos seus mecanismos de transformações individuais na vida de cada ser humano.

Reflexões do grupo

“Escritores da liberdade” nos coloca em contato com uma experiência das mais enriquecedoras e necessárias. Sua trama gira em torno da necessidade de criarmos vínculos reais em sala de aula, conhecendo nossos alunos, despertando para suas histórias de vida, entendendo o que os motiva a ser as pessoas que são.

Muitas escolas ainda baseiam suas ações quase que exclusivamente no modelo mais tradicional de educação, realizam monólogos e dão pouca vazão ao conhecimento e a história de vida dos alunos. É necessário desenvolver um trabalho de resgate de valores, em que a diversidade seja percebida como uma riqueza e não como um empecilho do trabalho pedagógico. Devemos oferecer aos alunos atividades significativas, que venham ao encontro das suas necessidades, valorizando a bagagem trazida da sua realidade social.

Ler e escrever são elementos básicos da civilidade. Projetos de leitura, atividades de produção escrita regular, valorização dos livros e da literatura, espaços para a divulgação daquilo que os alunos produzem, no que se refere a textos, precisam ser realidades e preocupações constantes na nossa escola.

No filme, Erin se doa incondicionalmente ao seu fazer, não como uma ação assistencialista, mas como uma professora aprendiz. É alguém que se dispõe a ensinar e aprender sobre mundos completamente diferentes do que ela vive. Uma pessoa pode fazer a diferença! É necessário aos educadores, além de referencial teórico, promover um conjunto de ações que possibilitem trabalhar o aluno como um sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, investigando e trabalhando as suas dificuldades, estabelecendo novas relações na busca do conhecimento.

“Escritores da Liberdade” é uma fabulosa história de vida que nos mostra como as palavras podem emancipar as pessoas e de que forma a educação, a cultura e o conhecimento são as bases para que um mundo melhor realmente aconteça e se efetive.

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