terça-feira, 22 de setembro de 2009

Narradores de Javé: a memória entre a tradição oral e a escrita


O filme conta a história do povoado de Javé, que está prestes a ser inundado para a construção de uma hidrelétrica. Para se livrarem dessa tragédia, os moradores de Javé resolvem escrever sua história e tentar transformar o local em patrimônio histórico.


O único adulto alfabetizado de Javé, Antônio Biá, é o encarregado de recuperar a história e transpor para o papel, de forma "científica", as histórias contadas pelos moradores sobre a fundação da cidade e os personagens grandiosos que habitavam suas lembranças. Biá era um homem mentiroso e todos o odiavam: carteiro em uma cidade de analfabetos, ele tinha o emprego ameaçado quando começou a forjar cartas falando mal dos vizinhos. Foi descoberto e expulso da vila. Ainda assim, a população resolve dar-lhe a oportunidade de se redimir, e todos se unem no propósito de resgatar a memória do povoado e salvá-lo do esquecimento.


A partir daí, Biá passa a ir de casa em casa para ouvir e passar para o papel as lendas guardadas na memória dos moradores de Javé. O que ele não imaginava é que sua missão de escrever o “Livro da Salvação” fosse tão difícil, pois cada morador conta uma história diferente, e sempre defendendo os interesses de seus antepassados.

Ao final do filme, o livro com a grande história de Javé não foi escrito. A cidade é inundada e a usina hidrelétrica construída. Ao resgatar a memória coletiva de um povo, o que prevaleceu foi a memória individual e, por isso, o objetivo não foi alcançado. Ainda assim, Antônio Biá, talvez arrependido, talvez tentando se redimir resolve escrever, com seriedade, a história do povoado, não mais para salvá-lo, mas para saciar o desejo de eternidade de um povo.


O filme apresenta várias questões importantes, como a relação entre oralidade e escrita, a interferência do narrador em uma história, a variedade lingüística do Português, os problemas causados pelo progresso, a desigualdade social, a formação cultural de um povo, oposição entre memória, história, verdade e invenção, confronto entre o progresso e as tradições do vilarejo, etc. Enfim, apresenta-se como um rico instrumento para o ensino, devido a sua multiplicidade de temas, narrativas e vozes.



Essa foi nossa 1ª oficina livre e aconteceu no dia 03 de setembro, quinta-feira, na sala de vídeo da Escola Municipal Zara de Paula. Após assistirmos ao filme Narradores de Javé, os professores fizeram a análise do mesmo, a partir das questões abaixo:





1. O que significa o papel de “escriba”?
2. Qual o papel do escriba naquela comunidade?

3. Analise os traços de oralidade daquela comunidade e a função do escriba.
4. Qual a relação entre oralidade e escrita?
5. Analise as práticas de letramento e de alfabetização daquela comunidade.
6. Como você percebe a relação entre ser alfabetizado e ser letrado no contexto do filme?
7. Em que atividade práticas, no contexto da sala de aula, você exerce o papel de escriba?
8. Qual a importância do escriba na construção da leitura e da escrita?
9. Qual a função social que a escrita exerce no contexto do filme?

10.Quais as relações de poder estabelecidas pelas personagens diante das práticas de escrita?

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